ARTIGO: Higiene das mãos centrada no paciente – Uma reflexão e ação importante para a prevenção de infecções

O dia 15 de outubro é lembrado como o Dia Mundial de Lavagem das Mãos. O objetivo desse marco é conscientizar sobre os benefícios de lavar as mãos com água e sabão corretamente ou, quando não tiver acesso a eles, utilizar soluções alcoólicas. Esta ação foi muito enfatizada durante a pandemia para combater a transmissão respiratória do vírus, mas se aplica também à transmissão de outros microrganismos nos serviços de saúde que causam infecções.

A higiene das mãos é reconhecida como a forma mais importante de prevenção da transmissão de infecções, e grande ênfase têm sido dada às formas de melhorar a sua adesão junto aos profissionais de saúde. Apesar das crescentes evidências de que os microrganismos próprios dos pacientes e o ambiente hospitalar são a principal fonte de muitas infecções, pouco esforço tem sido direcionado para envolver os pacientes em sua própria higiene das mãos. Muitos serviços de saúde incentivam os pacientes no papel de auditores das práticas de higiene das mãos dos profissionais que prestam seus cuidados. Melhorar a higiene das mãos nos atendimentos é o método mais eficiente para prevenir infecções relacionadas à assistência à saúde através da redução da transmissão desses microrganismos.

O envolvimento do paciente e da família é reconhecido como uma importante estratégia de segurança do paciente nesse cenário. Estes devem ser envolvidos nos cuidados que apoiam a prevenção de infecções. Cada vez mais, os pacientes são incentivados a serem participantes ativos e fazerem parceria com profissionais de saúde para influenciar positivamente na sua segurança e experiência geral ao longo de sua permanência no estabelecimento. As iniciativas de segurança focadas no paciente incluem o empoderamento dos mesmos por meio da coparticipação no seu plano de cuidado com os profissionais, a fim de influenciar os comportamentos de higiene das mãos e a adesão dos profissionais que o atende.

A parceria no contexto dos cuidados de saúde, e entre o paciente e os profissionais, pode ser considerada como um conceito geral que envolve a autonomia para participarem nos seus cuidados, mas envolve conhecimento e habilidade. Essa parceria está embasada em três pilares que inclui a participação e envolvimento do paciente, cuidado centralizado no paciente e educação do paciente.

Identifica-se uma desconexão entre intenção e ação que parece ser influenciada por estruturas organizacionais, fatores como crenças e comportamentos culturais, principalmente relacionadas à autoridade dos profissionais. Com o empoderamento e o envolvimento do paciente em seu processo de cuidado, além de entender mais sobre seu quadro clínico, ele se sente mais confiante e isso fomenta a discussão, opinião, anseios e preferências, possibilitando a tomada de decisões sobre o seu processo de saúde. Essa gestão compartilhada e participação na manutenção da segurança por meio da própria higiene das mãos e incentivo a outras tende a melhorar resultados, reduzir custos e ofertar qualidade ao atendimento.

Os momentos para higienização das mãos do paciente e do familiar no serviço de saúde são: quando visivelmente sujas; antes de comer, beber, tomar remédios ou colocar qualquer coisa na boca; depois de usar o banheiro, comadres ou papagaios; ao retornar de exames; após tossir, espirrar ou tocar o nariz ou a boca; antes e após interagir com visitantes; antes e após tocar qualquer dispositivo; e antes e após tocar em qualquer ferida ou curativo.

Eliane Carlosso Krummenauer
Enfermeira, coordenadora do SCIH/NHE – Hospital Santa Cruz
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação de Promoção da Saúde – Unisc