O Hospital Santa Cruz está habilitado pelo Ministério da Saúde como Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular. A Portaria, de número 787, foi publicada no Diário Oficial da União do dia 29 de agosto. Com a habilitação, o Hospital está agora credenciado a realizar também procedimentos endovasculares extracardíacos e de eletrofisiologia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Os serviços abrangem a 8ª, a 13ª e parte da 2ª Coordenadoria Regional de Saúde, representando mais de 600 mil habitantes de 25 municípios dos vales do Rio Pardo e do Jacuí.
Desde 2012 o HSC já era credenciado como Unidade de Assistência em Alta Complexidade Cardiovascular, realizando cirurgias vasculares periféricas, cirurgias cardíacas e procedimentos de cardiologia intervencionista, além de oferecer consultas e vários exames diagnósticos na área cardiovascular para pacientes SUS. Agora, como Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular, procedimentos que eram realizados na Instituição somente por meio de convênios e/ou particulares serão estendidos também para a população em geral pelo Sistema Único de Saúde.
Entre eles estão as angioplastias (cateterismos) para tratamento das obstruções arteriais com colocação de stents periféricos, o tratamento endovascular das doenças da aorta (dilatações e dissecções) e o tratamento de várias arritmias cardíacas com colocação de marcapassos e implantes de cardiodesfibriladores. Estes procedimentos, aliados aos que já vinham sendo realizados, possibilitam ao paciente tratar suas doenças de uma maneira menos invasiva, com menor risco e menor tempo de internação, fornecendo soluções e tratamentos avançados antes disponíveis pelo SUS somente em outros centros de referência.
Para o diretor geral da Instituição, Vilmar Thomé, a referência é um avanço na qualidade destes serviços, evitando os transtornos do deslocamento de pacientes para outros municípios e o longo tempo de espera pelas consultas. “O HSC passou a integrar um seleto grupo de instituições do Estado que têm esta habilitação”, afirma. “É uma vitória e um marco para a saúde de toda a região que agora passa a contar com um Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular”. Atualmente existem no Estado somente outros quatro centros de referência nesta área, três deles localizados em Porto Alegre e um em Passo Fundo.
Thomé explica que os fatores determinantes para a obtenção desta habilitação foram a estrutura avançada e planejada do HSC, que conta com uma equipe altamente qualificada e preparada para atender aos serviços habilitados, e o fato de ser um hospital de ensino, com estrutura de pesquisa organizada por meio de programas e protocolos estabelecidos de acordo com exigências do Ministério da Saúde. A participação de forma articulada e integrada com o sistema local e regional foi outro fator determinante.
“Temos uma estrutura gerencial adequada que zela pela eficiência, eficácia e efetividade das ações prestadas, além de contribuir como polo de desenvolvimento profissional em parceria com o Ministério da Saúde, tendo como base a política de Educação Permanente para o SUS”, avalia o diretor geral do Hospital. “Com a habilitação, o HSC passa agora a exercer um papel auxiliar de caráter técnico junto ao Ministério da Saúde, fornecendo informações importantes no âmbito nacional no que se refere às políticas de atenção nas patologias cardiovasculares”.
A coordenadora da 13ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS), Eliana Maria Giehl, destaca o papel da CRS na habilitação do Hospital Santa Cruz como Centro de Referência em Alta Complexidade Cardiovascular. “Representa um grande avanço para a população de Santa Cruz e região”, reforça. “Isto se deve às condições físicas e técnicas do Hospital Santa Cruz, do seu qualificado corpo clínico e, diante disso, do parecer favorável da Secretaria de Estado da Saúde no encaminhamento da solicitação ao Ministério da Saúde”, complementa.
Procedimentos
Eletrofisiologia: Procedimentos de eletrofisiologia invasiva são realizados no HSC desde 2011 e agora também estão habilitados para atender pacientes por meio do SUS. Esta técnica é a mais moderna no tratamento das arritmias cardíacas (bradicardias e taquicardias) – que são alterações da atividade elétrica do coração. “A detecção do foco causador da arritmia e sua consequente microcauterização, chamada de ablação, pode curar a arritmia”, explica o cirurgião Basem Hamid.
Para casos mais complexos, em que a cirurgia ablativa não é possível de ser feita, há a possibilidade de se realizar implantes de marcapasso, de cardiodesfibriladores e de ressincronizadores para tratamento definitivo da arritmia cardíaca. “Santa Cruz do Sul deu um salto para o desenvolvimento de novos horizontes nestes tipos de tratamentos, estendidos agora para toda a comunidade”, conclui Hamid.
Cirurgia Endovascular: O tratamento das doenças da circulação que necessitam de procedimentos podem ser realizados por meio da cirurgia clássica aberta e também pela técnica endovascular. A cirurgia endovascular consiste no uso de cateteres colocados no interior dos vasos sanguíneos doentes permitindo a correção das lesões que podem ser obstrutivas (ex.: oclusão arterial) ou dilatações (ex.: aneurismas) sem a necessidade de cortes extensos. O principal ganho no tratamento com esta técnica, em virtude do menos trauma cirúrgico, é a recuperação mais rápida permitindo ao paciente um retorno mais breve às suas atividades do dia a dia.
Na avaliação dos cirurgiões vasculares Edson Gassen e Fábio Tornquist, trata-se de um ganho inestimável para a região e para os pacientes que dependem do SUS, que agora terão acesso a esta tecnologia para tratamento antes só acessível a pacientes de convênios ou privados. “Esta conquista enaltece o caráter comunitário da Apesc”, enfatiza Gassen.
