Tese mostra impacto da implantação de um curso de Medicina na região

No ano de 2007, quando o curso de Medicina da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) dava seus primeiros passos, 83 médicos clínicos atuavam pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na 13ª Coordenadoria Regional de Saúde. Em 2014, esse número já era de 255 médicos. O impacto da implantação de um curso de Medicina em determinada região foi o tema da tese de doutorado da professora e diretora de ensino, pesquisa e extensão do Hospital Santa Cruz, Giana Diesel Sebastiany. O resultado da pesquisa foi apresentado a um grupo de funcionários da Instituição no dia 23 de setembro.IMG_3478

A tese A “necessidade social” de uma nova escola médica: análise no contexto regional foi apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional – Doutorado, Área de Concentração em Desenvolvimento Regional, Linha de Pesquisa em Estado, Instituições e Democracia, da Unisc. Ela apresenta um estudo sobre a necessidade social de novas escolas médicas em um recorte regional. Giana teve como orientadora a professora Silvia Virginia Coutinho Areosa.

“Contextualizamos a política de formação de recursos humanos para o SUS e sua materialização em uma determinada região do interior do Estado do Rio Grande do Sul”, explica a diretora do HSC. “Apontamos pressupostos e contradições nas argumentações das Instituições de Ensino Superior (IES), das entidades representativas da classe médica e do Governo Federal quanto à justificativa da necessidade social (ou não) de mais médicos para suprirem as vagas existentes em vários municípios brasileiros”.

Segundo Giana, dependendo da criatividade de quem argumenta é possível, para um mesmo contexto, justificar a abertura ou a não abertura de uma escola médica, utilizando o conceito da necessidade social. “Um curso de Medicina é considerado um projeto social pois envolve formação de recursos humanos, assistência, trabalho em equipe e interdisciplinaridade”, justifica a professora.

No entanto, um problema apontado pela pesquisa é que pelo menos metade dos egressos não se dispõe a atuar na região. Entre outros motivos, está o fato de que são oriundos de municípios de outras regiões, para onde acabam voltando após a conclusão da graduação. A solução, conforme Giana, é atrelar o projeto do curso de Medicina à oferta de programas de residência médica e à qualificação de serviços de um hospital de ensino.

“A implantação do curso de Medicina em Santa Cruz do Sul, por exemplo, potencializou os serviços e a qualidade da saúde no município, atraindo profissionais e trazendo outros médicos especialistas para atuarem pelo SUS na região”, destaca a professora. “A Instituição tornou-se um hospital de ensino e atualmente oferece cinco residências médicas, com o objetivo de qualificar ainda mais os serviços oferecidos e, além disso, criar um vínculo destes profissionais com a região”, finaliza.